RELÓGIO-Tony Gifs Javas

20/08/2011

Aquele fora um dia diferente... A tarde caía rápida e fria e o vento na folhagem amarelada anunciava que a chegada do inverno estava próxima.
Mateus, era um garoto de dez anos e se acostumara às alegrias descontraídas de sua pequena família, composta pelos pais e uma irmã mais nova que com ele compartilhava das brincadeiras infantis.
Mas a vida nem sempre nos reserva surpresas agradáveis. Era isso que Mateus descobrira naquele dia em que contemplava o corpo do pai, a quem tanto amava, estendido num caixão sobre a mesa.
Todos enxugavam o pranto, mas ele tinha nos olhos grossas lágrimas que se recusavam a cair. Nunca havia experimentado um sentimento igual. Era como se algo dentro do seu coraçãozinho tivesse se partido em mil pedaços.
O enterro foi consumado...
A vida deveria seguir seu curso, mas em seu lar faltava alguém. Faltava a figura respeitável do pai amado. Sobrava um lugar à mesa. Sobrava o pedaço de frango predileto do papai. O pudim se demorava na geladeira.
E Mateus pensava em como suportaria tanta amargura e saudade.
No entanto, a volta às aulas, às brincadeiras com a irmã, os piqueniques, as tardes no parque, trouxeram novo alento ao seu coração juvenil.
Um dia, a visita de uma amiga da família trouxe de volta as lembranças tristes. A mãe falava da falta que sentia do companheiro. Dizia que a saudade lhe acompanhava de perto e que era difícil a vida depois que o marido morrera.
E Mateus que, não muito longe escutava a conversa das amigas, aproximou-se e disse com a segurança de quem tem certeza:
- Mamãe, você disse que o papai morreu, mas eu asseguro que isso não é verdade.
A mãe olhou-o com ternura e desejando consolá-lo, disse:
- Sim filho, o papai vive além da cortina que nos separa dele momentaneamente.
- Não, mamãe! O papai vive e viverá para sempre. Ele vive em mim através de tudo o que me ensinou... Quando sou obediente, eu o sinto em minha intimidade porque foi ele quem me ensinou a obedecer. Quando sou honesto, lembro-me das muitas vezes que ele enalteceu a honestidade. Quando perdôo meus amigos, quase o ouço dizer: "filho, quem perdoa não adoece porque não guarda o lixo da mágoa na intimidade". Quando sinto que a inveja deseja instalar-se em minha alma, lembro-me de ter ouvido de seus lábios: "a inveja é um ácido corrosivo que prejudica quem a alimenta." E quando, por fim, meu coração se enche de saudade e penso que não mais a suportarei, uma suave brisa perpassa meu ser e ouço sua voz falando baixinho: "filho, eu estou ao seu lado, não duvide". E é assim, mãezinha, que eu sei que papai não morreu. Sinto que ele continua vivo, não somente atrás da cortina que temporariamente nos separa, mas também através da herança de amor que legou a todos nós.

Reflexão:
Quem deseja plantar apenas por alguns dias, planta flores...
Quem deseja plantar para alguns anos ou séculos, planta árvores.
Mas quem quer plantar para a eternidade, planta idéias nobres nos corações daqueles a quem ama.


Quando eu era criança, encontrei, um dia, um jardineiro, com uma tesoura enorme na mão.
Fiquei revoltado quando vi que ele, com a sua tesoura, começou a cortar os galhos mais tenros de todas as plantas.
Reclamei, agarrei-o pelo braço. Ele sorriu e pediu-me que, depois de um mês, eu voltasse a ver o resultado do que tinha feito.
E, de fato, um mês depois todas as plantas estavam ainda mais belas e cheias de vida.
Foi assim que aprendi o segredo das podas.
Quando li, no Evangelho, que o Criador e Pai poda justamente os galhos que dão frutos, entendi, aceitei, porque eu já sabia o efeito da poda.
Por que todos nós temos a tentação de imaginar que os sofrimentos que nos chegam são castigos de Deus?! Por que não pensar que Deus permite sofrimentos físicos e morais, como o agricultor que poda suas árvores, para que dêem mais fruto ainda?!
Por mais que o sofrimento nos desnorteie; por mais que certos sofrimentos pareçam absurdos e revoltantes, agarremo-nos a estas duas certezas, como quem se agarra a dois cabos de aço:
Deus existe e Deus é Pai.
Dom Hélder Câmara
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Um pobre viajante parou ao meio-dia para descansar à sombra de uma frondosa árvore. Ele viera de muito longe e sobrara apenas um pedaço de pão para almoçar. Do outro lado da estrada, havia um quiosque com tentadores pastéis e bolos; o viajante se deliciava sentindo as fragrâncias que flutuavam pelo ar, enquanto mascava seu pedacinho de pão dormido.
Ao se levantar para seguir caminho, o padeiro subitamente saiu correndo do quiosque, atravessou a estrada e agarrou-o pelo colarinho.
- Espere aí! - gritou o padeiro - você tem que pagar pelos bolos!
- Que é isso? - protestou o espantado viajante - eu nem encostei nos seus bolos!
- Seu ladrão! - berrava o padeiro - é perfeitamente óbvio que você aproveitou seu próprio pão dormido bem melhor, só sentindo os cheirinhos deliciosos da minha padaria. Você não sai daqui enquanto não me pagar pelo que levou. Eu não trabalho à toa não, camarada!
Uma multidão se juntou e instou para que levasse o caso ao juiz local, um velho muito sábio. O juiz ouviu os argumentos, pensou bastante e depois ditou a sentença.
- Você está certo - disse ao padeiro - este viajante saboreou os frutos do seu trabalho. E julgo que o perfume dos seus bolos vale três moedas de ouro.
- Isso é um absurdo! - objetou o viajante - além disso, gastei meu dinheiro todo na viagem. Não tenho mais nem um centavo.
- Ah... - disse o juiz - neste caso, vou ajudá-lo.
Tirou três moedas de ouro do próprio bolso, e o padeiro logo avançou para pegar.
- Ainda não - disse o juiz - você diz que esse viajante meramente sentiu o cheiro dos seus bolos, não é?
- É isso mesmo - respondeu o padeiro.
- Mas ele não engoliu nem um pedacinho?
- Já lhe disse que não.
- Nem provou nem um pastel?
- Não!
- Nem encostou nas tortas?
- Não!
- Então, já que ele consumiu apenas o perfume, você será pago apenas com som. Abra os ouvidos para receber o que você merece.
O sábio juiz jogou as moedas de uma mão para outra, fazendo-as retinir bem perto das gananciosas orelhas do padeiro.
- Se ao menos você tivesse a bondade de ajudar esse pobre homem em viagem - disse o juiz - você até ganharia recompensas em ouro, no Céu.
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Certa vez contei uma mentira a um homem. Ele respondeu dizendo me isto:
- Todas as decisões que devo tomar serão baseadas nas suas palavras. Desde então, eu só disse a verdade.
Certa vez reclamei de um presente que recebi, porque não era o que eu queria. Aquele que me presenteou percebeu o desapontamento em meus olhos e disse-me isto:
- Escolhi o presente mais valioso que poderia encontrar, porque achei que você deveria ter um deste. Desde então, fico muito alegre com cada presente que recebo.
Certa vez um homem contou-me um segredo, o qual eu sussurrei baixinho no ouvido de um outro amigo. O homem disse-me isto, depois de ouvir seu segredo repetido:
- A razão pela qual contei-lhe o segredo foi porque confiei em você, não em seu amigo. Desde então, não confio assim tão facilmente.
Certa vez dei um presente a uma amiga e ela chorou. Me desculpei por ser um presente tão pequeno mas era o que eu tinha encontrado. E ela me respondeu:
- Não há nada de errado com o presente, estou emocionada porque você lembrou-se de mim. Desde então, eu dou presentes freqüentemente.
Estava tentando apenas ser eu mesmo, passando despercebido sem chamar atenção. E me foi dito isto:
- O fato de você não se adequar faz com que você fique fora de tudo. Desde então, eu penso sobre isto.
Eu sou o CENTRO de MEU UNIVERSO mas eu não vivo aqui sozinho. Cada movimento que faço cria uma onda no oceano do outro. Cada vez que respiro eu afeto todo o ar a minha volta. Cada palavra que expresso bate no ouvido de alguém. Aquilo que eu toco é sentido por outra pessoa. Aquilo que faço, certamente afetará alguém. O que não faço, também afetará pessoas.
Nós nunca sabemos a distância realmente alcançada por algo que falamos ou fazemos até que nos retorne...
Todas as coisas na vida formam um círculo e estamos no meio dele, quer o vejamos ou não...
E tudo que devo fazer é criar agradáveis ondas, aquelas que envolvem calorosamente tudo em torno de mim, e que voltam suaves, fazendo por sua vez que eu crie, cada vez mais, ondas agradáveis.

Se você conhece a autoria desta reflexão, por favor envie-me por e-mail para que eu possa dar crédito a mesma.
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Num sufocante dia de verão, um velhinho desceu a um porão fresco em busca de algum refrigerante.
No momento em que entrava, a escuridão o impediu de enxergar.
- Não se preocupe - disse outro homem no porão - é natural que, quando você sai da claridade para a escuridão, fique impossibilitado de enxergar. Mas daqui a pouco, seus olhos vão se acostumar a ela, e você mal perceberá que está no escuro.
- Meu caro amigo - respondeu o idoso - virando-se para sair - é exatamente disso que tenho medo.

Reflexão:
A escuridão é escuridão, o perigo é você se convencer de que ela é luz!
Shmuel Lemle
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